Bento XVI aos estudantes católicos: não sejam medíocres, sejam santos
“Todos querem a felicidade, mas muita gente nunca a encontra”
“Quando os convido a ser santos, peço que não se conformem em ser de segunda linha” – afirmou –, mas que aspirem a um “horizonte maior”. “Não se conformem em ser medíocres”.
Acompanhado do bispo de Nottingham e presidente da Comissão Episcopal de Ensino, Dom Malcolm P. McMahon, o Papa falou aos estudantes no campo desportivo do St Mary’s University College. Uma conexão o ligava a todas as escolas católicas britânicas.
“Não é frequente que um Papa ou outra pessoa tenha a possibilidade de falar de uma vez só aos alunos de todas as escolas católicas da Inglaterra, País de Gales e Escócia”, começou seu discurso. “Como tenho esta oportunidade, há algo que desejo enormemente lhes dizer”. Foi então que o Papa afirmou esperar que entre os que o ouviam estivesse “algum dos futuros santos do século XXI”.
“O que Deus deseja mais de cada um de vós é que sejam santos. Ele os ama muito mais do que jamais poderiam imaginar e quer o melhor para vocês. E, sem dúvida, o melhor para vocês é que cresçam em santidade”, disse.
“Talvez algum de vocês nunca antes tenha pensado nisso” – admitiu –, convidando-lhes a se perguntar “que tipo de pessoa” gostariam de ser de verdade.
“Ter dinheiro possibilita ser generoso e fazer o bem no mundo, mas, por si mesmo, não é suficiente para fazer feliz. Estar altamente qualificado em determinada atividade ou profissão é bom, mas isso não os preencherá de satisfação, a menos que aspirem a algo maior. Chegar à fama não faz feliz”.
“A felicidade é algo que todos querem, mas uma das maiores tragédias deste mundo é que muita gente jamais a encontra, porque busca a felicidade nos lugares errados”, afirmou Bento XVI.
Por isso – recordou –, “a verdadeira felicidade encontra-se em Deus. Precisamos ter o valor de pôr nossas esperanças mais profundas somente em Deus, não no dinheiro, na carreira, no êxito mundano ou em nossas relações pessoais, mas em Deus. Só Ele pode satisfazer as necessidades mais profundas de nosso coração”.
O Papa convidou os jovens a serem “amigos de Deus”. “Quando se começa a ser amigo de Deus, tudo na vida começa a mudar. À medida que o conhecem melhor, percebem o desejo de refletir algo de sua infinita bondade em sua própria vida”.
“Quando tudo isso começa a acontecer, vocês estão no caminho da santidade”, afirmou o Papa.
Neste sentido, convidou-os a ser “não só bons estudantes, mas bons cidadãos, boas pessoas”.
“Não se contentem em ser medíocres. O mundo necessita de bons cientistas, mas uma perspectiva científica torna-se perigosa se ignora a dimensão religiosa e ética da vida, da mesma maneira que a religião se converte em limitada se rejeita a legítima contribuição da ciência em nossa compreensão do mundo”.
“Precisamos de bons historiadores, filósofos e economistas, mas se sua contribuição para a vida humana, dentro de seu âmbito particular, enfoca-se de modo demasiado reduzido, pode nos levar por mau caminho”, explicou o Papa.
O pontífice também se dirigiu aos alunos não católicos que estudam nas escolas católicas, convidando-os a “se sentir movidos à prática da virtude” e a crescer “no conhecimento e na amizade com Deus junto de vossos companheiros católicos”.
“Vocês são para eles um sinal que recorda esse horizonte maior que está fora da escola, e, de fato, é bom que o respeito e a amizade entre membros de diferentes tradições religiosas forme parte das virtudes que se aprendem em uma escola católica”, concluiu.